Antiinflamatórios não-esteroides (AINEs) são medicamentos usados no controle da inflamação, e ajudam a diminuir a dor e a febre que aparecem nestes processos.
Imagem obtida de: http://pdg.elobot.nl/pijnstillers
O ácido mefenâmico, por exemplo, é um anti-inflamatório não-esteroidal usado no alívio dos sintomas de artrite, osteoartrite, cólica menstrual e na síndrome pré-menstrual, e está presente em diversos medicamentos disponíveis nas farmácias. Uma forte contribuição para sua presença no ambiente aquático é através das excreções humanas, já que esta substância não é totalmente metabolizada pelo organismo.
Estes medicamentos são indicados aos pacientes, pelos médicos, em grande quantidade no Brasil e em vários países. Olhando pelo lado da poluição ambiental, isto se torna um problema. Mais recentemente, os resíduos do processo de fabricação, consumo e descarte destes produtos passaram a chamar atenção das autoridades, pois foi comprovado que eles causam diversas reações fisiológicas quando se encontram residualmente no ambiente aquático, e assim passaram a ser considerados poluentes ambientais.
Infelizmente, a observação destas substancias nas águas tratadas, numa concentração que representa perigo à população, ocorre porque o tratamento convencional de esgoto não é capaz de removê-las.
Tirinha humorística reproduzida de: http://linksservice.com/charge-poluicao-dos-rios-jpg-w-640/
Em 2014, pesquisadores brasileiros de diferentes universidades de São Paulo propuseram testar métodos já conhecidos para a remoção destas substâncias da água, e tiveram sucesso.
Eles optaram por usar a técnica de adsorção com carvão ativado em pó (CAP) e com a lama vermelha “red mud”, um subproduto do beneficiamento da bauxita. Lama vermelha é um resíduo insolúvel que não apresenta riscos à saúde pública. Além disso, usaram a oxidação com cloro, um material bastante reativo e oxidante, usado comumente na limpeza de nossas residências.
carvão em pó ativado (http://www.brambleberry.com/Colorants-C181.aspx)
Lama vermelha (http://www.diemmefiltration.com/en/red-mud-filtration.html)
http://www.paritarios.cl/especial_cloro_domestico.htm
O carvão ativado em pó é um material de carbono, com poros grandes, que tem alta capacidade de absorver gases e líquidos, e por isso é empregado para clarificar e absorver odores. Ele é frequentemente empregado como desodorizador de geladeiras, por exemplo, entre vários outros usos (veja para saber mais, item 2 ao final do texto).
Exemplo de produtos disponíveis no comércio, no exterior, a base de carvão ativado
(https://innofresh.wordpress.com/2011/04/14/fridge-it-activated-charcoal-odor-absorbers-receive-5-stars/ )
O carvão em pó ativado e a lama vermelha como adsorventes, bem como o cloro como agente oxidante, apresentaram-se promissores para a remoção do ácido mefenâmico presente na água. Estudos considerando a concentração desta substância em água, bem como o pH do meio, permitiram alcançar uma eficiência de remoção entre 96 e 100% para o carvão ativado e a lama vermelha, respectivamente. A oxidação com cloro também foi eficiente e os pesquisadores observaram que com baixa concentração de cloro (1 mg/ L) e pouco tempo de reação (30 minutos), em pH neutro, foi possível obter eficiência de 100% de remoção do ácido mefenâmico.
Assim, através de produtos simples, já disponíveis para uso comercial e um bom conhecimento químico, foi desenvolvida uma técnica fácil e barata que pode vir a ser implementada nas estações de tratamento de esgoto.
Para saber mais:
1. Moruzzi e colaboradores, em http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/v37n10a04.pdf
2. Mimura e colaboradores, em http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc32_1/10-EEQ-2209.pdf ; Freitas e Bueno, em http://www.unilago.edu.br/revista/edicaoatual/Sumario/2014/downloads/6.pdf