A terapia gênica é uma das grandes promessas no tratamento de doenças, tanto de origem hereditária quanto adquiridas ao longo da vida, como certos tipos de câncer.
O que se faz na terapia gênica? Nesse tipo de tratamento ocorre uma modificação na nossa composição genética pela introdução de unidades que corrigem os “pedaços defeituosos” dos nossos genes. Assim, a doença pára de ser expressa.
Uma das formas de enviar o material genético de correção para dentro das nossas células é através de vírus. Os vírus são seres vivos que não tem células. Eles possuem a carga genética envolvida apenas por uma cápsula. Como bem sabemos, eles são muito pequenos e capazes de invadir facilmente outras células. Assim, eles se reproduzem usando o organismo que invadiram e produzem, em nós, o que conhecemos por viroses.
Mas é claro que, para usar um vírus que nos cure, como na terapia genética viral, os pesquisadores tiram do vírus a sua carga genética original, aquela que nos provoca doenças, e a trocam pela carga genética “do bem”. E então, eles aproveitam a facilidade do vírus em penetrar nas células, só que agora ele está modificado com os “genes bons”.
Outra forma é usar a terapia gênica não-viral, onde os pesquisadores produzem moléculas capazes de penetrar em nossas células com maior facilidade, carregando o conteúdo genético “do bem”. Esta é uma área de muitos estudos científicos, onde são usados lipídeos (como gorduras) e diversos polímeros. Uma das desvantagens desta técnica está na baixa quantidade de material genético que ela consegue acumular, ou seja, poucos genes “do bem” ficam disponíveis , reduzindo a eficiência do tratamento.
Para tentar resolver este problema, ou seja, aumentar a quantidade de genes “do bem” na terapia não viral, Liu e seus colegas, da Universidade de Wuhan, na China, descreveram recentemente um trabalho empregando dendrímeros com partículas de óxido de ferro.
Mas o que são dendrímeros? Veja a figura a seguir (figura 1).
Figura 1- O dendrímero conhecido como PAMAM.
Dendrímeros são macroméculas, moléculas bem grandes, complexas e muito organizadas, com estrutura regular e altamente ramificada. Muitos são simétricos, crescem ao redor de um núcleo e apresentam um desenho esférico, parecendo a copa de uma árvore, como pode ser visto na figura 2.
Figura 2- Imagem dos ramos de uma árvore, destacados em vermelho, e de dendrímeros na parte de baixo, demonstrando a semelhança da distribuição.
A palavra dendrímero vem de dendron, em grego, que significa árvore. Os dendrímeros pertencem à classe dos materiais nanométricos, e podem ser usados para carregar medicamentos (fármacos) no organismo a um local específico, no tratamento da água e também na área da eletrônica, entre outras aplicações.
Como mostra a figura 3, Liu e seus colaboradores fizeram crescer um dendrímero a partir do óxido de ferro (1), usando outras moléculas desenhadas em verde (2). Quando o dendrímero estava acabado (3), eles colocaram nele o material genético que deveria ser levado para tratar as células (4). Então aplicaram um campo magnético (5), capaz de acumular as partículas de ferro, como um imã, e ficaram com um concentrado do material, resolvendo o problema que era observado anteriormente.
Uma interessante e também recente aplicação de dendrímeros na área farmacêutica é o microbicida vaginal Vivagel, que previne a infecção pelo virus da imunodeficiência adquirida- HIV, entre outras doenças sexualmente transmissíveis, e é o primeiro dendrímero de uso farmacêutico.
A terapia gênica é um tratamento experimental, pois ainda apresenta algumas falhas como a indução de tumores.
Para saber mais:
http://pubs.rsc.org/en/content/articlehtml/2011/jm/c1jm11460c (artigo original)