Olá pessoal! Meu nome é Edson Luiz da Silva Lima. Sou farmacêutico e tenho doutorado em síntese orgânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atualmente sou diretor da Divisão Farmoquímica do Cristália, uma empresa 100% nacional do setor farmacêutico. Mas o que é farmoquímica? Este não é um termo muito comum do nosso dia-a-dia não é mesmo, muito embora a indústria farmoquímica esteja muito presente em nossas vidas. A indústria farmoquímica é responsável pela produção do princípio ativo dos medicamentos, ou seja, a substância responsável pela ação farmacológica do medicamento. Faça o seguinte, peguem algum remédio que vocês têm em casa e leiam a bula deles. Todas as bulas trazem uma descrição dos componentes do medicamento, entre outras informações importantes. Se for um comprimido, por exemplo, a bula vai descrever que cada comprimido contém uma determinada quantidade do princípio ativo.
Você vai ver também que tem outros componentes, além do princípio ativo, eles são necessários para transformar o princípio ativo nas diferentes apresentações farmacêuticas, quero dizer, pode ser um comprimido, creme, xarope e vários outros. Só que esta transformação é feita na indústria farmacêutica. Resumindo, o princípio ativo é produzido pela indústria farmoquímica, e o medicamento em suas diferentes apresentações, é produzido pela indústria farmacêutica. Os princípios ativos podem ser de origem vegetal, sintética ou biotecnológica. Aqui na Divisão Farmoquímica produzimos princípios ativos sintéticos, ou seja, a molécula do princípio ativo é construída por uma seqüencia de reações químicas. No final, o produto deve ser obtido com elevada pureza, pois sua qualidade é essencial para que tenha a ação farmacológica desejada. Então tem muita tecnologia envolvida para assegurar esta qualidade, e o papel do químico é fundamental em todas as fases da produção.
Vamos fazer uma pequena viagem sobre a produção farmoquímica? Tudo começa com a qualidade dos insumos químicos necessários para cada fase da produção. Os químicos envolvidos têm que definir a especificação destes insumos, e têm que desenvolver os métodos de análise, que são feitos em um setor chamado Controle de Qualidade. Depois que estes insumos são aprovados pelo Controle de Qualidade, eles têm que ser estocados em condições apropriadas até o momento da produção, e estas condições também são definidas pelos químicos que conhecem bem a estabilidade dos insumos químicos. A próxima etapa é a produção propriamente dita do princípio ativo, quando estes insumos serão transferidos para os reatores, que são equipamentos industriais nos quais serão feitas as reações químicas. Novamente, o papel do químico é muito importante, pois ele é quem define as melhores condições para fazer esta reação química, evitando a decomposição do princípio ativo durante todo o processo.
Estamos quase terminando. O químico também define a melhor embalagem para o princípio ativo, pois alguns podem ser mais sensíveis à luz, ou à umidade do ar, e a embalagem tem que proteger este importante produto.
E agora, acabou? Ainda não, tem a questão ambiental. Sim, cada etapa de reação gera resíduos que têm que ser tratados. Cabe ao químico dar a destinação adequada para cada tipo de resíduo de forma a proteger o meio ambiente de contaminantes. Acho que dá para ter uma idéia da importância que o químico desempenha em uma indústria farmoquímica, cuidando da qualidade do princípio ativo, planejando sua síntese, e protegendo o meio ambiente.
Se você quiser saber mais sobre a indústria farmoquímica veja os seguintes sites: http://www.abiquifi.org.br/ e http://www.abifina.org.br/.