Celso de Amorim Câmara

Meu nome é Celso de Amorim Câmara

e vou dar um breve depoimento sobre minha vida profissional. Acho que como a maioria dos garotos que enveredaram por estes caminhos, os questionamentos acerca do funcionamento da natureza, os eternos porquês, muitas vezes sem resposta, estimularam ainda mais a curiosidade. Cresci em um bairro modesto em Maceió, sem referências acadêmicas familiares, estudei sempre em colégio público, o ensino de ciências sempre foi inexistente e muito decepcionante.

No segundo grau, atual ensino médio, na Escola Técnica Federal de Alagoas, quando escolhi fazer o curso de química, o contato com um professor que ia além do conteúdo das aulas, respondendo pacientemente as dúvidas "filosóficas" na disciplina de fisico-química, me marcaram profundamente. Cursei o primeiro semestre de Economia na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, e rapidamente fui fazer o curso de Farmácia, em Salvador. A proximidade com o Instituto de Química e uma inclinação natural resultaram no contato com o saudoso e falecido amigo e professor Gildásio Almeida Silva, que me orientou na iniciação científica. Daí fiz mestrado e doutorado em química.

Atualmente, sou professor do Departamento de Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco desde 2005, um departamento sem tradição de pesquisa na área de química. A partir da abertura do curso de pós-graduação em química em 2006 na UFRPE, alteramos a estrutura e estamos reescrevendo sua história. À frente da coordenação do programa lutamos pelo fortalecimento da química experimental e teórica em nossa instituição, numa constante e difícil consolidação da multidisciplinaridade e pelo ensino de qualidade em todos os níveis. Considero um privilégio viver nos dias de hoje, ainda com tantos desafios a vencer, e poder contribuir com isso.

Acredito que a Química, brasileira, obviamente, passa por um esfuziante crescimento. Resta romper o isolamento acadêmico, entre outras barreiras igualmente importantes. Poucas ciências têm em seu objeto de estudo o saber tão intimamente associado ao valor agregado econômico como a química experimental. Temos imensa responsabilidade e o crescimento industrial do país depende disso. Em termos globais, aumentar a consciência ambiental, buscar alternativas sustentáveis e educação com qualidade, conteúdo e responsabilidade.

Deixo como sugestão aos estudantes que leiam, sempre. A falta de hábito da leitura em nosso meio é uma das coisas que mais me chamam a atenção. A nossa cultura precisa incluir o acesso e o estímulo à leitura como uma forma de expandir o conhecimento geral das pessoas. Sugiro a leitura de "O Mesmo e o não-mesmo", de Roald Hoffman (UNESP Ed, 2007) e especialmente para alunos de pós-graduação "O dilema de Cantor", de Carl Djerassi (Nova Fronteira, 1999).

Departamento de Química
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos
Recife-PE-Brasil
CEP 52171-900

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